Covid-19 deixa sequelas?
Durante o período de 2020 e 2021 nos deparamos com uma pandemia global e tivemos que nos adaptar e mudar nossos hábitos, para nos proteger e proteger aqueles que amamos. Agora, finalmente temos a possibilidade de tomar a vacina e nos imunizar.
O vírus SARS-Cov-2, responsável pela Covid-19, reage de formas diferentes para cada organismo. A pergunta em questão é: será que a doença deixa sequelas?
Uma série de estudos divulgados nos últimos meses e a observação clínica dos profissionais que estão na linha de frente indicam as possíveis sequelas que a doença pode deixar — ainda que não seja possível dizer se elas são temporárias ou perenes.
O que é síndrome pós-Covid-19
Apesar dos sintomas, nem todos que contraem o vírus apresentam reações. Algumas pessoas não sentem nada.
Entretanto, já se sabe que alguns sintomas podem persistir não apenas entre aqueles que tiveram casos mais graves da doença e que, além dos pulmões, o Sars-CoV-2 também pode afetar o coração, os rins, o intestino, o sistema vascular e até o cérebro.
Mesmo após a recuperação da fase aguda do Covid-19, alguns órgãos podem ficar prejudicados por semanas ou meses. Tais sequelas acontecem com apenas uma parcela de acometidos, em especial os casos mais graves, que envolvem internação na UTI, deixam maior risco desse tipo de sequela, porém não se restringe à apenas esse.
A presença de sequelas após a doença ficou conhecida como “síndrome pós-Covid-19”.
É claro que é necessário entendermos que é impossível dizer se essas sequelas são permanentes ou qual sua duração, já que levamos poucos meses com a doença e infecção e quase não houve tempo para os cientistas estudarem a recuperação completa de pacientes que tiveram a doença de maneira grave.
Vamos mencionar aqui algumas das sequelas mais comuns entre os pacientes de Covid-19 após se recuperarem da doença.
Perda de olfato e paladar
Um dos sintomas mais comuns entre pacientes de casos leves e graves da doença, a perda de olfato e paladar podem persistir por semanas e até meses. É difícil, no momento, estimar o tempo de persistência médio para esse tipo de sintoma. Entretanto, existem exercícios que auxiliam na recuperação dos sentidos.
De acordo com especialistas, a maioria dos casos dura até duas semanas depois de estar curado da doença e os sentidos voltam aos poucos, sem a necessidade de medicação ou tratamentos extras.
Falta de ar e problemas respiratórios
Um dos órgãos mais atingidos pela doença, o pulmão leva um pouco mais de tempo para se recuperar, mesmo depois do vírus ir embora. A inflamação pode persistir por algumas semanas, dificultando a respiração em geral. Isso também acontece em casos de outras doenças respiratórias, não relacionadas ao Covid-19, mas que também exigem longos períodos de entubação e grande stress na área do pulmão: ou seja, essas sequelas não são particularidades desse vírus.
Em casos específicos, após a infecção ficam algumas cicatrizes, chamadas de fibroses, que normalmente são irreversíveis. Isso ocorre porque o coronavírus deflagra uma inflamação intensa nos alvéolos, estruturas que realizam as trocas gasosas, e no interstício, uma espécie de rede localizada entre o alvéolo e pequenos vasos sanguíneos (os capilares).
Em casos extremos que prejudiquem o pulmão, o tratamento pode exigir até fisioterapia. “É possível que 10 a 20% dos entubados evoluam com necessidade permanente de oxigênio”, explica Ludhmilla Hajjar, cardiologista e professora da Universidade de São Paulo (USP).
Cansaço e fadiga
Estudos apontam que essa é a principal sequela relacionada ao Covid-19. A fadiga está relacionada com a falta de ar, e se trata de uma espécie de cansaço intenso que afeta 58% dos pacientes, segundo um amplo levantamento de pesquisadores dos Estados Unidos, da Suécia e do México.
A fadiga pode ser uma resposta persistente do corpo humano ao vírus mesmo quando a infecção já passou. No caso de uma pneumonia, por exemplo, esse forte cansaço pode durar até seis meses.
A recomendação dos especialistas é de reconhecer que a fadiga é real e ser respeitoso consigo mesmo, entender o quão debilitante ela pode ser e respeitar o tempo do seu corpo.
Ainda não se sabe muito a fundo sobre tratamentos para evitar a fadiga, e por isso o melhor a se fazer é consultar um médico para que esse avalie o paciente de maneira individual, e recomende, por exemplo, analgésicos, mudanças na alimentação, fisioterapia e entre outros.
Entretanto, algumas das recomendações mais abrangentes envolvem técnicas de relaxamento (como meditação), boas noites de sono, caminhadas leves e alongamentos.
Fraqueza muscular
Devido ao tempo acamado, a perda de massa magra e dificuldades para realizar alguns tipos de movimentos é uma das sequelas que podem ser apresentadas em pacientes com casos graves da Covid-19. Esse problema é normal, e deve ser recuperado aos poucos com a ajuda de exercícios físicos leves, nem que seja andar meia hora dentro de casa para se manter ativo. Em casos mais extremos, talvez haja necessidade de fisioterapia.
Alteração de apetite, dificuldade de concentração e mudanças de humor
Os conhecidos danos neurológicos, sequelas já conhecidas de outras infecções que envolvem longas internações, também estão presentes em alguns pacientes de Covid-19.
“Nos estudos já publicados sobre o assunto, até um terço dos pacientes mais graves demonstra algum grau de comprometimento mesmo depois de um mês em casa”, aponta Gisele Sampaio, neurologista da Academia Brasileira de Neurologia. “Não sabemos se isso irá se resolver no caso da Covid-19, mas outras doenças que atrapalham a oxigenação do cérebro podem deixar danos cerebrais permanentes”, completa.
Pesquisas anteriores à crise atual mostram, por exemplo, que até 20% dos indivíduos afetados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das complicações que a Covid-19, a gripe e outras infecções podem provocar, apresentam déficits cognitivos até cinco anos depois da alta. Entre eles, além de dificuldade de raciocínio e memória prejudicada, surgem sintomas de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático etc.
E o que devo fazer?
Apesar de todos os estudos sendo feitos, ainda há pouco tempo para dizer a duração e persistência da maioria das sequelas relacionadas à doença, e portando médicos do mundo todo vêm se baseando em outras doenças que afetam áreas parecidas do corpo e comprometam os órgãos de maneira parecida com a que a Covid-19 faz.
A recomendação maior para aqueles que não pegaram a doença é de se cuidar e proteger, evitar o máximo de contato com outros e seguir os protocolos de segurança, e, principalmente, tomar as duas doses da vacina.
Já para aqueles que apresentaram a doença e se preocupam com sua recuperação, é recomendado visitar um médico para analisar a recuperação da doença, além de seguir o isolamento correto para evitar espalhar a doença.
Nesse Dia Nacional da Vacinação, proteja-se e salve vidas. Tome a vacina!